24/10/2012

Future Games



Os Fleetwood Mac tiveram dois periodos bem definidos. O combo blues rock de final de 60's dominado por Peter Green e a máquina pop da segunda metade dos 70's. A música de que aqui se fala vem da menos popular fase de transição dominada pelo recém-falecido Bob Welsh (entre outros) e, tendo em conta o rumo que a banda ia tomar, não poderia ter um titulo mais profético.
Os MGMT aproveitam a ligeira influência psicadélica da gravação de 1971 para fazerem uma total imersão nesta versão que saiu no disco de tributo aos Fleetwood Mac. Curiosamente o tema original não ficaria deslocado daquilo que se ouve ao longo de "Congratulations".

22/10/2012

Je t'aime... moi non plus



Do original pouco há para acrescentar ao muito que já foi dito. É um dos clássicos maiores da 2ª metade do Séc. XX e está tudo dito. Na verdade quase que se pode dizer que é um cover já que foi gravado originalmente pela Brigitte Bardot. Mas como a gravação em causa só foi lançada em '86 fica excluida da equação.
Quanto à versão aqui em cima foi gravada pelos jamaicanos Harry J Allstars, em 1969, que não era mais do que um projeto de estúdio do produtor jamaicano Harry Johnson e é conduzida por um orgão fantasmagórico. Mais narcótica, menos sensual. Uns anos depois seria o próprio Gainsbourg a fazer o percurso inverso.

11/10/2012

My Little Red Book



Aproveitando a entrada daqui debaixo, nada como recordar este óptimo cover, de 1966, dos Love.
Conta-se que o livrinho vermelho em causa era uma  pequena sugestão ao livro de Mao lançado em 1964. Digo eu que também pode ser sobre o apelo erótico de um amontoado de desejos em forma de números de telefone de moças disponíveis (afinal a música foi escrita, em 1965, pela dupla Burt Bacharach/Hal David, para a banda sonora do "What's New Pussycat"). Bem, o certo é que o moço não estava lá muito disponível emocionalmente. Continuando... Se o ligeiro toque marcial da batida do original, interpretado pelos Manfred Mann, podia inclinar para a 1ª, a abordagem pré-punk dos Love deixa correr o desejo sexual  e assim cai para a minha sugestão mais marota. 1-1 e não se fala mais nisso.

Por questões sonoras deixei aqui a versão do disco mas por questões de estilo aconselho esta.


10/10/2012

Harder, Better, Faster, Stronger



O francês Philippe Uminski fez, em 2005, aquilo que quase se pode considerar uma tripla versão. Além da óbvia "Harder, Better, Faster Stronger" dos compatriotas Daft Punk, durante a música deixa cair alguns toques da "Da Funk" e, raios me partam, se este cover, a espaços, não tresanda a Love. É ouvir.


Love Me



Habituados a escavar no pó do rock para encontrar material alheio pronto a ser cilindrado, é curioso verificar que os Cramps apenas conseguiram atualizar a intensidade furiosa do original. Encapsulado em 1 minuto e 30 segundos, este lado A do único single lançado por Jerry Lott a.k.a Marty Lott a.k.a The Phantom foi registado em 1958 e apenas lançado em 1960.
O próprio Jerry Lott descreve a gravação nestes termos: "I put all the fire and fury I could utter into it (...) I yelled and blew one of the controls off the wall (...) it was wild. The drummer lost one of his sticks, the piano player screamed and knocked his stool over, the guitar player's glasses were hanging sideways over his eyes."

09/10/2012

Remember Me



Os australianos Tame Impala, que por estes dias lançaram "Lonerism",o seu 2º disco, logo num dos seus primeiros lançamentos revelaram o quanto o seu som devia às texturas do universo da música eletrónica (além das óbvias influências roqueiras e psicadélicas).  Do projeto Blue Boy - e do seu "dono" Lex Blackmore - pouco mais se soube além deste lançamento, em 1997. One hit wonder, no seu melhor.

07/10/2012

I Walk On Gilded Splinters



Do original de Dr. John, exemplo maior de um rock pantanoso e imerso em ambientes voodoo (por uma vez o amontoar de clichés acaba por acertar), chega-se a este muito interessante híbrido de blues/rock sulista/funk interpretado por Johnny Jenkins mas, na realidade, comandado por Duane Allman e metade dos elementos da Allman Brothers Band.
Este versão tornou-se um standard dos samples, sendo mais famosamente utilizado na "Loser" do Beck.


28/09/2012

Superstar



Bem, esta é de caras. Os Sonic Youth fazem, desta versão, um tributo ao mesmo tempo irónico e sincero aos Carpenters e, sobretudo, a Karen Carpenter. Se parece pop, soa a pop, deve ser pop. Em principio sim, mas este caso parece fugir um pouco às simples aparências.

25/09/2012

Sweet Thing



Tal como o Caetano Veloso, também Jeff Buckley sempre teve um talento especial para transformar ouro alheio em pérolas próprias (valerá a pena citar "Lilac Wine" e "Hallelujah"?).
Aqui envolve o original de Van Morrison num estado de emoção crua, despido dos arranjos elaborados elaborados de "Astral Weeks" e sustido apenas por uma Telecaster e voz. Esta versão de "Sweet Thing" encontra-se na versão expandida do EP de estreia "Live At Sin-é".
Qual das duas é a melhor? Como muitas vezes aqui neste blogue, esta, simplesmente, não é a questão.

22/09/2012

Eclipse Oculto



No ano em que chega aos 70 anos Caetano Veloso, ele próprio um mestre "versionista", recebe como presente o, obviamente desiquilibrado, disco de tributo -A Tribute to Caetano Veloso. Se nem sempre foge às versões demasiado coladas ao original, pelo menos evita o outro lugar comum deste tipo de edições - a escolha de temas já cansados e excessivamente colados ao autor.
A paulista Céu  faz uma atualização pop de um original que, de si, já o era e muito. "Eclipse Oculto" saiu do disco, de '83, "Uns" e merece ser ouvido em repetição.


20/09/2012

Choque Que Queima ( aka Choppin and Changin')



A banda carioca liderada por Luizinho (vozes e guitarra) surge num periodo de transição do rock n'roll para o periodo da "Jovem Guarda". Em 1964 lança o seu disco de estreia - "Choque Que Queima" - onde se inclui esta versão do original "Choppin and Changin'"de Cliff Richard & The Shadows. Apesar de simples alteração da letra para português, a música nem por isso deixa de garantir 2 minutos e tal de pura festa.
Tanto ou mais interessante é perceber que Sir Cliff teve um periodo da sua carreira, quando andava em boas companhias, em que rockava sem o menor dos problemas.


19/09/2012

O Samba da Minha Terra



Em semana de muitos concertos comemorativos do Ano do Brasil em Portugal, nada mais apropriado do que deixar algumas versões tropicais tentando evitar os lugares comuns, muito a contrário da programação musical feita pelo suspeito do costume, Zé Ricardo (???).
Após o lançamento de uma das verdadeiras obras-primas da música brasileira - "Acabou Chorare" - os brasileiros Novos Baianos intensificaram a sua mistura de samba, choro e frevo filtrado por rock ácido e vida comunitária hippie. De 1973, "Novos Baianos F.C." é o retrato desse período e é aí que se encontra a regravação do clássico de Dorival Caymmi. Se até ao 1º minuto a abordagem parece relativamente convencional, tudo se transforma com a entrada da eletricidade comandada por Pepeu Gomes.
O original teve também diferentes versões gravadas pelo seu compositor. A aqui incluída é de " Eu Vou Para Maracangalha" de 1957.
Caetano Veloso disse uma vez do compositor de "O Samba Da Minha Terra" : "É verdade que Caymmi compôs pouco mais de 100 músicas, mas todas são obras-primas. Quem é o compositor que pode se das a esse luxo? Eu queria ser preguiçoso assim".



13/09/2012

Swinging Party



Inicialmente lançada em 2009 e recuperada este ano, esta versão do londrino Kindness (aka Adam Bainbridge) vem envolvida por ecos da pop, soul e funk que fizeram do disco de estreia "World, You Need A Change Of Mind" uma das boas surpresas deste ano.
O original vem do clássico disco "Tim" dos Replacements. Apesar da semelhança vocal, a dolência da reinterpretação adequa-se melhor à ironia da letra. Digo eu.



10/09/2012

There But For The Grace Of God



No disco de estreia dos Wray Gunn, "Eclesiastes 1.11" (será que devemos mesmo contar com o "Soul Jam"?) destacava-se esta versão que, ao contrário do original efusivo e cintilante, vivia de um estado de tensão pontuado pela voz de Raquel Rallha.
Esse original de 1979 é dos Machine (do futuro Kid Creole and The Coconuts, August Darnell) e carrega consigo um dos refrões mais deliciosamente irónicos do Disco.

07/09/2012

Baby



A primeira apresentação do novo "Mature Themes" trouxe uma colaboração entre o Ariel Pink's Haunted Graffiti e Dâm Funk da qual resultou uma abordagem surpreendentemente fiel ao original de Donnie & Joe Emerson. O original é uma pérola perdida, uma malha lânguida (como traduzir "slow jam"?) de soul branca destinada a ser ouvida em repeat. "Dreamin Wild", o disco de 1979 onde saiu "Baby", foi reeditado recentemente pela Light In The Attic. O link inclui um mini-documentário sobre percurso peculiar dos irmãos Emerson.


06/09/2012

The Wilhelm Scream



Em vez de começar o blogue com uma música simbólica, prefiro arrancar com uma pequena confusão. O 2º single do disco de estreia do James Blake é, na realidade, uma versão retrabalhada de um tema de 2007, "Where to Turn", de James Litherland. Este senhor de pinta levemente Sting e dado a um smooth-jazz fortemente aborrecido, é o pai do próprio Blake. Ouça-se por agora o sénior mas concentremo-nos no júnior.




Para completar o ciclo de confusões inclui-se o novo toque dado à música pelo excelente combo funk/jazz/soul australiano The Bamboos. Este 45", lançado em 2012, através da muito fiável Tru Toughts, comemora 10 anos do grupo e traz consigo a voz sedosa de Megan Washington. Um boa stripper dançaria isto.